Pole-position na Turma do Gargarejo

Foi com enorme prazer, surpresa e carinho que recebi o convite do meu velho amigo Gabriel Marazzi para escrever uma coluna no seu novo site da Web. Fiquei meio que sem saber se aceitava, pois apesar já haver escrito algumas histórias para seu antigo blog, estes sempre foram textos sobre a nossa infância e adolescência, passadas no início dos anos 70 em um bairro da Zona Oeste de São Paulo. Histórias, naturalmente, sempre recheadas de automóveis e rock, muito rock.
Achei então que eu não teria mais tantas historias assim para contar, no entanto, após uma intensa negociação que durou uns cinco minutos, chegamos a um acordo. Estamos acordados que eu escreverei justamente sobre as duas maiores paixões das nossas vidas: a música e os motores.
Escreverei para vocês sobre o passado, o presente e futuro, sobre os dois assuntos. Quando o rock e os carros se juntam, então, é o máximo. Talvez seja por isso que curtíamos tanto rodar naquele velho Fusquinha 67 cujo melhor equipamento era um toca-fitas TKR. Dessa forma, Gabriel e eu temos ligados a musica e o automobilismo como assunto principal na história das nossas vidas. Não faltarão oportunidades para contar algumas dessas histórias. 
Na minha coluna (chique, não?), vou falar de Emerson Fittipaldi a Led Zeppelin, de carrinhos de Autorama a Fórmula 1, do passado e do presente, do Made in Brazil a Felipe Massa, de corridas a shows memoráveis. Não só das bandas mais importantes do mundo, mas também daqueles shows em que nós dois nos pendurávamos em altas escadas para montar a aparelhagem de iluminação das bandas brasileiras, como O terço, Made In Brazil e rita Lee. Tudo isso nos anos 70. E olha que não somos assim tão velhos. Clássicos, talvez.
Eu, desde criança, sempre fui apaixonado por corridas, mesmo antes de eu assistir o sensacional filme Grand Prix, com James Gardner. A música também veio cedo, uma vez que meu irmão mais velho, o jornalista Marco Antônio Souto Maior, me ensinou a tocar violão com muita paixão. Hoje, desde criança, continua na música e também sou contrabaixista.
Lá, naquele bairro da Zona Oeste, nós dois trocamos informações sobre cada uma de nossas paixões, ele me mostrou como se pilotava e eu mostrei como se tocava. Pena que ele não aprendeu nada do assunto.
Então, amigos, peço licença para entrar em seus computadores para contar essas histórias. Na próxima, Autorama.


Mario Marcio Souto Maior

Mais posts relacionados

Pé no fundo! É o anel externo

O anel externo de Interlagos era um circuito de altíssima velocidade, composto pelas curvas "Um ", "Dois", "Três" e um curva em subida que vai até uma curva que antecede os antigos boxes , hoje conhecida como "Café"

Auto-Rama, o automobilismo de quem estava começando

Dizem que o autorama foi feito para as crianças, mas são os adultos que aproveitam. Acho que isso era verdade nos anos 60, quando não havia computadores e celulares e as crianças brincavam com brinquedos de verdade. O fato é que eu tive vários amigos na infância cujos pais compraram para eles o tão desejado e caro autorama com uma enorme dose de segundas intenções, já que eles se reuniam nos fins de semana levando consigo os brinquedos dos filhos, juntavam todas as pistas e colocavam uma tabuleta na porta do porão: “Proibida a entrada de menores de 25 anos”.

Importante decisão no cara ou coroa

Pedro Latorre, um piloto de motocicletas dos anos 40, se apaixonou por uma Mondial italiana e perseguiu o seu sonho

Minha estréia na Divisão 3

Eu e todos os meus amigos que começávamos a brincadeira, estávamos loucos para acelerar, pois já sabíamos que era aquilo mesmo que gostávamos de fazer. A Divisão 1 já não me atraía tanto, eu queria mesmo era pilotar carros mais rápidos e preparados para a pista, que freassem bem, acelerassem forte e fizessem curvas de uma forma muito mais firme e divertida do que aquele Dodge Dart com o qual eu havia participando da minha primeira corrida. Carrão que, apesar de veloz e de seus quase 200 cavalos declarados, ia bem nas nas retas e nas retomadas, mas era particularmente difícil na hora de contornar curvas com precisão e era quase um caminhão para frear

Autódromo de Interlagos, 1971

Freando com cuidado para encarar a curva do Bico de Pato, procurei nos retrovisores pelo segundo colocado. Acelerei na saída da curva com mais cuidado ainda para as rodas traseiras não destracionarem, olhei rapidamente para os relógios da pressão de óleo e da temperatura e, já chegando ao Mergulho, levei a rotação até o limite apenas dando uma olhada com o canto do olho direito para o conta-giros. Aí freei e reduzi uma marcha para entrar na Junção sentindo cada pneu, torcendo para que nada pudesse sair errado.

Publicidade