A Mille Miglia de 1955

“A Mille Miglia foi a única corrida que realmente me assustou, pelo menos até o momento em que a foi dada a bandeirada de largada”, disse Sir Stirling Moss em 2015, durante as comemorações pelo 60º aniversário de uma das maiores corridas da história do automobilismo. “Havia centenas de carros participando, mas eu não tive que ultrapassá-los todos, porque metade deles quebrou”, complementou o piloto.

 

Em 1º de maio de 1955, Stirling Moss e o co-piloto Denis Jenkinson, um escritor de automobilismo (o sujeito de barba), venceram a 22ª Mille Miglia em um Mercedes-Benz 300 SLR. Eles cobriram a rota de cerca de 1.600 quilômetros ao redor do norte da Itália, de Brescia a Roma e depois de volta a Brescia, em apenas dez horas, sete minutos e 48 segundos, a uma velocidade média de 98 mph. É um recorde que permanece até hoje, já que a Mille Miglia foi executada em sua forma original pela 24ª e última vez em 1957.

 

Os italianos tinham uma grande vantagem em casa, na Mille Miglia. Tanto que apenas o inglês Stirling Moss e o alemão Rudolf Caracciola, os únicos pilotos não italianos,  venceram a prova. “Pilotar em uma corrida de rua onde você não conhece o circuito é bem diferente e exige uma técnica diferente...”

 

Moss afirma: “Pude aprender a Targa Florio, onde soube preparar o carro para cada curva. Mas não pude para a Mille Miglia: você não pode aprender 1.000 milhas de via pública, onde há espectadores na estrada e você não consegue nem ver o ápice da curva. Então você dirige sabendo que talvez, no contorno, vai ficar mais apertado”.

 

É por isso que Moss pediu a ajuda de Jenkinson. Juntos, eles ensaiaram o percurso antes do evento principal e criaram um conjunto de notas detalhadas de ritmo. Essas notas ficavam em um dispositivo de rolo de metal preso ao painel do SLR e eram comunicadas a Moss por meio de um conjunto de gestos com as mãos que os dois homens haviam combinado. Moss disse que sem Jenkinson, ele teria sido “muito mais lento”.

 

Para contextualizar, Sir Stirling venceu o então campeão mundial de F1 Juan Manuel Fangio, em outro SLR, mas sem um co-piloto, com mais de meia hora de vantagem.

 

Moss e Jenkinson partiram de Brescia às 7h22, daí o número 722 de corrida de seu Mercedes-Benz 300 SLR. Esse SLR estava entre os carros mais rápidos na prova, com Moss chegando a atingir 180 mph, lembrando que estamos falando das estreitas estradas secundárias italianas.

 

Esse carro é incrivelmente valioso nos dias de hoje. Quem sabe o quanto não valeria em um leilão, caso a Mercedes-Benz resolvesse se desfazer dele. Moss disse que o Mercedes-Benz 300 SLR “era um carro grande, mas bem adequado para o evento. Também era razoavelmente econômico. Estávamos percorrendo de oito a nove milhas por galão de gasolina, o que, para essa velocidade, não é nada ruim”.

 

Texto enviado por Luis Cezar Pereira

 

Stirling Moss tinha 25 anos quando venceu A Mille Miglia. A lenda das pistas morreu em abril de 2020, aos 90 anos.

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